sexta-feira, 22 de julho de 2016

Disciplina na Igreja

O que me moveu a escrever esse texto foi a quantidade de casos de autoritarismo que presenciei na liderança de algumas igrejas. Pessoas são constrangidas a todo tipo de disciplina e exposição imposta por pastores que pouco sabem como tratar alguém de forma coerente com o Evangelho.

Jesus deixou os passos em Mateus 18 sobre como tratar um irmão que cometeu pecado.

“Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça.  E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.” (Mt 18.15-17)

1º - DANO AO PRÓXIMO

A característica do pecado que precisa ser tratado por outros é aquele que causa dano direto a outrem: “Se teu irmão pecar contra ti...”.

Temos um exemplo claro desse tipo de pecado em 1 Coríntios 5, onde havia alguém que estava possuindo a mulher do próprio pai. O pai era o ofendido e o filho era o ofensor. Também em 1 Coríntios 6 Paulo cita um caso de demandas (não especificadas) entre irmãos, onde o caso não poderia ser julgado em tribunal de incrédulos, mas perante a igreja. Nesses casos, onde há dano ao próximo, é necessário a igreja intervir.

domingo, 10 de julho de 2016

A Política Revela Corações

Os últimos acontecimentos políticos no Brasil têm servido para diversas coisas, mas sobretudo tem servido para revelar o que se passa no coração de pessoas que se dizem cristãs. Por isso resolvi escrever abaixo algumas dessas visões políticas sendo contrastadas com o Evangelho:

Apoiam a pena de morte mesmo sabendo que Jesus, tendo tido a oportunidade de condenar a mulher adúltera ao apedrejamento, preferiu agir com misericórdia. Se eles defendessem o direito a legítima defesa para que as pessoas pudessem defender sua família utilizando até mesmo armas de fogo, seria razoável. Mas defender a ideia de matar alguém que já está detido não combina com o ensino do Evangelho.

Apoiam a castração química que, à semelhança da ideia anterior, é uma decisão que não tem volta. Com esse tipo de pensamento voltamos à idade média onde os ladrões tinham a mão amputada ao cometerem delitos. Para mim, qualquer delito, por mais grave que seja, deve ser combatido com a exclusão da pessoa da sociedade até que essa tenha condições de retornar ao convívio comum. Para isso é necessário um contínuo acompanhamento psicológico, além de estímulos educacionais – há prisões onde a pena é diminuída para cada livro que o detento lê. Vez ou outra vemos casos em que alguns deles conseguiram concluir o bacharelado e voltaram ao convívio comum. Meu desejo é que isso deixe de ser exceção e vire regra. Essa tarefa é complicadíssima para o Estado. Afinal, é mais fácil propor pena de morte, castração química, tortura, e etc.

Meu pensamento no Evangelho é a recuperação do indivíduo e não a ideia do olho por olho e dente por dente. Jesus veio para que todos tenham vida, e a tenham em abundância. Portanto, não é porque uma vida foi ceifada que devemos ceifar outra. Isso não é querer “defender bandido”. Se o bandido continuar bandido e não se recuperar, ele deve ficar isolado da sociedade para sempre na cadeia.

O Evangelho diz que devemos acolher o estrangeiro e ajudar o necessitado. Os cristãos são contra o acolhimento dos siro-libaneses.

Jesus deu liberdade ao jovem rico para seguir seus mandamentos ou não (cf. Mt 19). No entanto, os cristãos querem obrigar toda a sociedade a seguir seus princípios através da força do Estado. Homossexuais devem ser heterossexuais; os que usam drogas não podem usar (leia mais sobre Descriminalização das Drogas), etc.

Porém, a decisão individual de cada pessoa deve ser respeitada, desde que isso não afete diretamente o próximo.

Conforme a lógica de Jesus, o jovem rico poderia usufruir da sua riqueza caso não quisesse segui-lo, pois o dinheiro era dele e isso não afetaria ninguém. Da mesma forma, eu penso que o Estado deve coibir apenas aquilo que faz mal aos outros – quer fumar? Vai para um fumódromo ou faça isso em casa. Quer ter relações com alguém consciente e do mesmo sexo? Cada um tem essa liberdade. Decisões puramente individuais que não afetam terceiros não devem ser interferidas pelo Estado.

A ideia de justiça meritocrática também é amplamente distorcida. Para alguns, a criança que não tem pai e/ou mãe e tem que trabalhar o dia todo para sustentar os irmãos tem a mesma chance de acessar as univerdades e os concursos públicos que crianças que passam o dia estudando nas melhores escolas da cidade. Ser contra a ideia das cotas é ser contra a justiça.

Um dos poucos pensamentos coerentes que se pode aproveitar é o fato de serem contra o aborto. Nesse caso a decisão individual da mulher afeta terceiros (no caso a criança) e, portanto, deve ser rigorosamente fiscalizada pelo Estado. Para mim, um aborto deve ser tratado com tanto rigor quanto um crime de assassinato. Eu sei que existem estudos que dizem que não há vida no feto nas primeiras três semanas após a fecundação, pois o cortéx cerebral ainda não começou a se formar, mas essa ideia ainda é amplamente contestada. A vida humana é coisa séria e para alguém dizer que não há vida nesse período inicial, este precisa provar indubitavelmente sua tese.

A ação do Estado para ajudar as mulheres mais pobres deve ser a implantação de orfanatos e a ampliação de programas sociais. A saída nunca será legalizar um crime. Obviamente excetuam-se situações onde a vida da mãe corre riscos ou há má formação no feto (acefalia e semelhantes).

São muitos temas que poderiam ser tratados à luz do Evangelho, mas esses ultimamente têm sido tratados com maior avidez e tenho ficado perplexo com o posicionamento de alguns cristãos. Tem algum importante que esqueci de comentar? Escreve abaixo nos comentários do Blog!

Não me rotulo como sendo de direita ou esquerda. Afinal, pode-se perceber no que escrevi acima que eu retenho o que é bom dos dois lados. Aliás, o que eu escrevi acima não foi tirado de nenhum filósofo-político. Tudo isso eu vejo em Jesus. Fiz apenas aplicações de princípios do Evangelho na vida comum.


Essa é minha oração: que seu posicionamento político seja ser de Jesus, o resto é ideologia humana.