terça-feira, 6 de outubro de 2015

Descriminalização das Drogas

Em minha opinião o dever do Estado é o de regular as ações humanas em relação ao próximo. Isto é, se alguém bate em seu carro, o Estado tem o dever de obrigar o indivíduo causador do dano a lhe ressarcir. Se o sujeito não paga a pensão alimentícia, ele deve dar conta disso ao Estado.

O governo não deve se preocupar em regular o que um indivíduo consciente faz com o seu próprio corpo. Se alguém quiser fumar cigarro até morrer de câncer no pulmão, o que o Estado tem a ver com isso?

Na própria Lei de Moisés estava escrito: “não matarás”, porém não se encontra nenhum mandamento de “não cometerás suicídio”. Cada um tem o direito soberano de fazer o que desejar a si – desde que isso não prejudique o próximo.

Na questão das drogas o que deve ser feito é a criação de políticas que restrinjam o uso de alucinógenos em locais públicos, para preservar a integridade das pessoas que estão ao redor. Se alguém tomar maconha e sair por aí, deve ser penalizado tanto quanto alguém que se embriaga e sai por aí dirigindo – ainda que não cause acidente deve haver a penalização, posto ser um risco em potencial. Quem quer tomar droga, que tome em propriedade privada e por lá fique até passar o efeito do alucinógeno.

Além disso, deve haver orientação às pessoas para que saibam os riscos daquilo que estão inserindo no próprio organismo – de forma semelhante aos avisos postos em carteiras de cigarro.

Enquanto o país não tiver condições de realizar esse tipo de fiscalização e orientação, a droga deve continuar proibida. Eu mesmo já fui assaltado por pessoas totalmente drogadas que poderiam ter ceifado minha vida. Mas, por outro lado, eu sei que existem pessoas em bairros nobres que usam maconha antes de dormir para reduzir a ansiedade. Como sabemos que existem as duas alas, a droga deve continuar proibida até que possamos amadurecer a ideia e criar políticas públicas sobre o assunto em cada setor da sociedade.

No entanto, o que eu acima disse, eu disse à sociedade. É óbvio que Deus não quer isso para o seu povo. Para Ele, todo e qualquer vício é pecado, pois escraviza a alma. Deus quer que sejamos livres de tudo para que possamos segui-lo completamente, sem estarmos presos às coisas desse mundo.

Quem é viciado em televisão, internet, esportes, e jogos, não é menos escravo espiritualmente do que aquele que é viciado em drogas. As únicas diferenças são as consequências à saúde e o impacto social, que é maior sobre o usuário de drogas. Mas, diante de Deus, todos os vícios atrapalham a comunhão com Ele.

Eu, embora não use drogas, tenho tendências a vários vícios socialmente “normais”, mas que eu sei que podem atrapalhar minha caminhada com Deus. Então, o padrão que eu uso é evitar totalmente os vícios que podem destruir meu corpo e, como aconselhou Paulo, usar das demais coisas com espírito de moderação (cf.Fp 4.5; 1Tm 1.7), sem se deixar dominar por nenhuma delas (cf. 1 Co 6.12).

Sempre tendo como objetivo buscar melhorar e almejar que os nossos desejos sejam o mesmo de Jesus: “Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.” (João 4.34). Conforme nossa maturidade espiritual vai progredindo, nosso apego a algumas coisas – mesmo que “normais” – vão perdendo o sentido e vai-se dando espaço para a mesma motivação que houve em Cristo, que é ter como combustível de vida fazer a vontade do Pai.
 
Todavia, o povo Evangélico precisa entender que não podem obrigar as pessoas a seguirem seus conceitos de fé por meio da força do Estado. O próprio Senhor Jesus disse que seu reino não era desse mundo. Ele nunca foi tentar convencer Pilatos, Herodes, ou César de impor princípios de fé ao povo. Se os princípios são de fé, devem simplesmente ser praticados pela fé, e não por imposição.

“Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” (Mt 22.21)

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