No meio cristão tem-se levantado
uma grande discussão acerca de qual a posição política agrada mais a Deus. Uns
dizem que crentes devem ser de direita, outros acreditam inadmissivelmente num
governo esquerdista.
Ambos os lados estão errados!
Deus não se limita a essas ideologias humanas de governo. Deus não está
interessado em governos humanos, e sim no crescimento do seu Reino. Certa vez
perguntaram a Jesus sobre coisas legais: “Mestre,
ordena a meu irmão que reparta comigo a herança.”; Jesus responde sem
titubear: “Homem, quem me constituiu juiz
ou partidor entre vós?” (cf. Lc 12.14). Logo após Ele não ordena a partilha
– pois isso cabe ao Estado – mas ensina os princípios do Evangelho contra a avareza
para que eles possam agir conforme a consciência.
Por isso eu digo que o governo
não deve ser adepto de nenhuma religião. Sou contra regimes teocráticos. Em
minha opinião o estado deve ser laico. Isso porque todo indivíduo deve seguir a
fé que desejar de forma livre, sem intervenção do Estado.
Os crentes que defendem que o
Brasil deve ser um país apoiador da Bíblia precisam lembrar que é baseado nesse
pensamento ditatorial-teocrático que o Estado Islâmico mata nossos irmãos no
oriente. E foi baseado nesse pensamento que João Calvino matou pessoas em
Genebra.
Jesus nunca tentou se unir à
Política para tentar implantar seu Reino, pois seu Reino não é deste mundo. Ele
nunca buscou Pilatos, Herodes, ou César para firmar acordos com os quais
forçasse o povo por meio de Leis a seguirem os princípios do Evangelho. Quem
quisesse seguir o Evangelho deveria seguir de livre e espontânea vontade, quem
não quisesse, era livre para assim escolher.
O que quero dizer com isso é que
o governo não deve incentivar as pessoas a seguirem, por exemplo, os princípios
da família tradicional. O que ele deve é garantir que todos tenham direito de
escolher qual modelo devem seguir sem sofrerem nenhum tipo de preconceito – assim
uns, pela fé, seguirão um modelo, e outros seguirão o que quiserem.
O governo deve proteger os que
sofrem injustiças. Assim, deve punir o ladrão, o estuprador, o cara que dirige
bêbado, etc. Ele, sendo mais forte que o indivíduo, deve garantir leis justas
que punam o infrator e proteja a vítima.
O governo deve proteger os
desfavorecidos. Não há como negar que o preconceito existe e que aquele garoto
do sinal nunca terá as mesmas chances de se dar bem na vida quanto um garoto
que nasceu em berço de ouro. Daí deve-se existir programas sociais como as
cotas para corrigir essa curva.
O governo deve ser forte na economia
para garantir emprego e renda para todos os que se esforçam no mercado de
trabalho. Devem existir ricos que ficaram ricos porque mereceram e devem existir
pobres que ficaram pobres porque foram negligentes – desde que ambos tenham
tido as mesmas condições dadas pelo Estado para batalhar.
Eu poderia continuar e dar uma
lista enorme de tudo o que o governo deve fazer. Mas, nos exemplos anteriores
já pode ser percebido o que quero dizer. Princípios básicos de justiça e
respeito em relação ao próximo, liberdade de expressão, auxílios e incentivos
ao povo em suas necessidades econômicas e físicas, correções de curvas sociais,
e sempre a busca por igualdade de oportunidades deixando a cargo de cada um
escolher lutar para vencer na vida ou não.
Isso que descrevi se assemelha
mais com direita ou esquerda? – Ora, acho que tem o melhor dos dois lados. Quando
vou votar procuro alguém que tenha pelo menos princípios próximos aos que foram
citados.