sábado, 14 de março de 2015

Usos e Costumes

"Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo" (Colossenses 2.8).

O que eu chamo de “Usos e Costumes” são as práticas consideradas boas pela sociedade a qual a igreja está inserida. Essas práticas, por serem aceitas pela maioria, se transformam na moral daquela sociedade e acabam por influenciar o que a igreja prega.

Se o ensino dessas boas práticas ficasse apenas na forma de conselho ou de opinião pessoal do pregador, seria algo saudável. Todavia, o problema realmente começa quando essas práticas são postas como se fossem Palavra de Deus dentro das igrejas.

Primeiro porque escraviza o povo sob um jugo a qual Cristo jamais impôs sobre eles. Os Fariseus “atam fardos pesados e difíceis de carregar” (cf. Mt 23.4), enquanto que o julgo de Jesus é suave, e o seu fardo leve (cf. Mt 11.30).

Segundo porque não necessariamente o que é visto como prática boa pela sociedade é de fato boa aos olhos de Deus e faz bem ao homem. A prática da proibição do casamento no Clero, por exemplo, foi uma prática imposta pela igreja católica, mas que se iniciou dentro do movimento filosófico gnóstico. O gnosticismo ensinava que toda a matéria era má, e que qualquer desejo da matéria (nossa carne), era ruim. Assim, para os gnósticos, ter um nível de espiritualidade elevado era equivalente a não atender aos desejos por comida desejosa aos olhos, por isso eles comiam apenas legumes; o desejo sexual, ainda que dentro do casamento, era proibido, por isso muitos até decepavam o próprio órgão sexual.

Essa última prática entrou com muita força dentro da igreja após os anos trezentos, posto que muitos homens de grande vulto as defendiam, dentre eles o principal era Agostinho de Hipona (não pensem que ele não tinha “embasamento bíblico” no que ensinava).

Hoje ainda herdamos muito adoecimento de alma em função dessa doutrina de demonização do sexo. Muitas pessoas sinceras de coração na sua fé se sentem impuras ao praticar sexo com seu cônjuge se não for para procriação; os jovens, nas igrejas mais tradicionais, se sentem impuros ao praticarem masturbação em função da proibição imposta. Nada disso está na Bíblia, mas o que não falta é gente fazendo malabarismos com a Escritura para embasarem seus ensinos humanos.

Para entendermos mais profundamente o perigo dessas doutrinas humanas, precisamos analisar onde tudo começou.

No Éden, Deus proibiu que o homem comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Porém, vendo Eva “que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 3.6). Aqui a humanidade relativizou o que Deus disse que era bom e colocou em seu lugar o que o próprio homem achava ser bom. Assim, o que era bom de verdade passou a ser visto como mau e o que era mau passou a ser visto como bom – no caso em questão o fruto passou a ser agradável aos olhos de Eva, mesmo Deus tendo dado a proibição.

Portanto, na queda nasceram todas as diferenças culturais existentes ao redor do mundo no que se refere ao que é certo e errado, uma vez que Eva tornou relativo. Para os índios, não há problema usar pouca roupa, mas para os islâmicos, quanto mais se cobrir melhor; para os portugueses beber vinho é completamente normal, mas para os brasileiros mais conservadores isso é quase um crime, ainda que feito moderadamente conforme recomenda a Palavra.

São incontáveis as diferenças contidas nas práticas de cada cultura. Mas, qual a maneira correta de encararmos essas diferenças? – Para entendermos isso precisamos nos voltar para a Palavra de Deus, fazendo exatamente o que Eva não fez.

1 – NÃO ADICIONAR NADA AO QUE DEUS DISSE

Nós podemos seguir todo tipo de regra que acharmos que fará bem para nossa caminhada de fé. Eu mesmo tenho várias regras que balizam o meu procedimento. Por exemplo, até o momento eu não pretendo usar tatuagem porque eu acredito que isso criaria uma barreira para que eu pregue o Evangelho no meio que eu convivo, posto ser um meio mais conservador. Não existe mandamento de Deus no Evangelho acerca desse assunto. Portanto, sou livre para escolher. E eu escolhi não fazer tatuagem.

Mas, se outrem quiser fazer uma tatuagem, eu posso no máximo dar a minha opinião sobre esse assunto. A decisão final, no entanto, será da pessoa e não será pecado caso ela decida por fazer a tatuagem.

Isso porque se eu forçar alguém a seguir os meus costumes, especialmente fazendo uso de malabarismos bíblicos para embasar meu pensamento, estarei adulterando a Palavra de Deus, fazendo-a dizer algo que ela nunca disse. Além disso, quando tento forçar alguém a seguir minhas leis, lanço sobre este um peso a qual Jesus prometeu tirar quando disse “vinde a mim...”. O único peso que as pessoas têm a obrigação de levar é o de Jesus, que é suave e leve, posto ser baseado apenas no Evangelho.  

Eva, quando perguntada pela serpente acerca do mandamento de Deus, disse que Ele havia falado: “mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.” (Gn 3.3). Deus nunca disse que ela não deveria tocar. Ela adicionou isso ao mandamento. Nela nasceu o que posteriormente Jesus veio a chamar de “doutrina dos anciãos”, e o que Paulo também chamou de “doutrina de homens”.

A motivação de Eva em ter adicionado esse mandamento era clara: o medo da tentação. Ela provavelmente pensou que ao incluir o “não tocar” estaria mais protegida da tentação da serpente. É também baseado no medo da tentação que os pastores criam doutrinas que, aos olhos deles, servem de proteção para a tentação. O problema é que essas “cercas protetoras” não funcionaram no passado com Eva, e também não funcionarão hoje.

Um pastor, certa vez, estava pregando a proibição de alguém ir ao cinema, porque lá havia a possibilidade de se cair na tentação sexual, visto estar no escuro perto de outra pessoa. Essa “cerca” que ele criou realmente funcionou em parte. Os jovens da igreja dele nunca fizeram sexo no cinema, mas faziam em todos os outros lugares, porque o desejo contido no coração não pode ser freado por cercas humanas, mas só pelo Espírito Santo de Deus agindo através do Evangelho, e nada mais!

Não podemos tirar nem adicionar nada ao Evangelho, pois se assim fizermos incorreremos em grave erro. Paulo ensinou: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Gl. 1.8). João também disse: "Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho." (2 João 9).

Jesus disse para tomarmos cuidado com o “fermento dos fariseus” (cf. Lc 12.1). O fermento é o elemento responsável por inchar a massa, e era exatamente isso que os fariseus faziam, pois “em vão adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt 15.9). Fermentar o Evangelho nada mais é que inchá-lo com doutrinas e preceitos que são apenas mandamentos humanos. Para Deus isso é apenas uma adoração vã, que não serve de nada.

Em Eva esse comportamento começou, passou pela época de Jesus, e está presente entre nós até o dia de hoje. No entanto, o livro de Apocalipse diz que quem adicionar ou tirar algo da Palavra de Deus, este sofrerá as devidas consequências por essa atitude (cf. Ap 22.18-19). Portanto, temamos, para que não venhamos a colocar nossos pensamentos individuais como sendo Palavra de Deus.

2 - AS COISAS SÃO MÁS?

O principal erro dos adoecidos pela síndrome de Eva é acharem que o problema está nas coisas, e não nas pessoas.

“Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura.” (Romanos 14.14).

A sociedade separa as coisas entre ruins e boas pela associação que a consciência do coletivo faz a respeito dessas coisas. Se um objeto está associado a coisas ou situações boas, será tido como uma coisa boa. Porém, se um objeto está associado a algo ruim ou foi usado por pessoas que trouxeram dano à sociedade, quem o usar será visto como alguém ruim, mesmo que este não seja.

Por exemplo, as tatuagens são vistas como coisas ruins porque os seus principais percussores foram os hippies. Logo, quando uma pessoa do bem faz uma tatuagem, os que viveram na época hippie farão uma associação que os levará a pensar que aquela pessoa é ruim, mesmo sem ao menos conhecê-la. 

Todavia, o que faz uma pessoa ser ruim não é o que está do lado de fora, mas sim o que está do lado de dentro. Não é uma tatuagem, estilo de cabelo, ou adereços que vão fazer alguém pecar mais ou pecar menos.

O método do conceito preconcebido de julgar alguém é condenado por Deus. Ele mostra isso quando prefere escolher o pequeno Davi em detrimento dos seus fortes irmãos de guerra. Porque “o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.” (cf. 1 Sm 16.7). Jesus também disse: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.” (João 7.24).

Em Mateus 15 alguns religiosos da época de Jesus reclamaram do fato de os seus discípulos não seguirem a tradição de lavar muitas vezes as mãos antes de comer, ao que Jesus respondeu: “não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos não o contamina.” (Mateus 15.11,19-20).

Aqui Jesus destrói a ideia de que as coisas que estão do lado de fora possam nos contaminar e interferir do lado de dentro. O que faz com que nós pequemos contra Deus e contra o próximo é o pecado que está contido no coração de todos os seres humanos.

Falar que adereços, usos, ou costumes causam decadência na vida espiritual do homem é um erro. Mas, infelizmente, esse pensamento ainda existe em nosso meio numa forma tão sutil que dificilmente conseguimos perceber.

Por exemplo, nós muitas vezes debochamos do costume dos católicos fazerem o sinal da cruz ao passar em frente a alguma igreja católica, mas em todas as refeições os evangélicos são doutrinados a fazer uma oração, ainda que nem mesmo Jesus tenha feito em todas, posto não ter orado quando ressuscitou e comeu peixe junto aos discípulos (cf. Lc 24.41-43).

Nós rimos quando os católicos andam com um terço no pulso ou uma cruz como colar ao redor do pescoço, mas esquecemos de que a maioria dos evangélicos acredita que Deus se importa com a frequência de vezes que eles vão ao templo durante a semana.

No fundo, só se mudam as formas, mas todas as religiões têm suas crendices de que costumes ou objetos podem te fazer ser alguém mais ou menos espiritual. A recomendação de Paulo sobre esses assuntos é:

“Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.” (Cl 2.20-23).

O que mais me chama atenção no texto acima é a impotência dessas cercas humanas em face ao desejo contido no coração. Como diz o texto, essas cercas têm até alguma aparência de sabedoria. É visualmente bonito ver alguém rigoroso asceticamente falando; todavia, nada disso tem poder algum contra a sensualidade. Não importa se a saia da irmã é longa ao ponto de ir até o calcanhar, se ela não cuidar do próprio coração ela vai acabar traindo seu marido; não importa se você assiste ou não filmes violentos, se você não cuidar do próprio coração você poderá violentar alguém de uma forma ou de outra. As cercas humanas são como pedaços de papel que são facilmente traspassados pelos dardos inflamados do maligno.

Todavia, é importante ressaltar que embora as coisas de fora não contaminem o interior do homem, elas podem avultar um desejo específico que lá já estava contido. O que quero dizer é: algumas pessoas têm dificuldades específicas que podem ser avultadas através de um uso ou costume, especialmente quando a consciência ainda não está completamente amadurecida no Evangelho.

Por exemplo, ao final de uma pregação minha sobre esse assunto – aplicada a realidade das crianças – uma mãe veio me perguntar o que fazer com a filha que gostava muito de assistir um desenho sobre bruxas. Ora, veio-me à mente a época da minha meninice onde eu gostava de assistir desenhos de luta, mas isso nunca me influenciou a ser um garoto violento. Por outro lado, na minha adolescência eu assisti uma série que falava sobre coisas sobrenaturais e eu comecei a me interessar pelo assunto, quando menos percebi estava lendo sobre ocultismo e quase entrei na prática.

A lição que eu tiro é que não devemos proibir, mas devemos observar se essas coisas estão influenciando nossos filhos ou a nós mesmos. Caso a influência ocorra de forma contínua, devemos imediatamente tomar uma ação preventiva e corretiva.

O que estou dizendo é: se, por exemplo, você tem/teve problemas relacionados a alcoolismo, e se ao passar perto de um bar você percebe que o desejo aflora novamente, porque passar perto de lá? Crie uma “cerca” e entenda que preventivamente você deve passar longe de bares. Todavia, como falei anteriormente, essa cerca não vai resolver o problema que está contido no coração, ela só vai lhe dar uma proteção temporária para que você possa tratar o problema em sua raiz. Caso não seja tratado, as crises vão vir, porque o desejo continuará instalado e acumulado no coração, e vai chegar um momento em que a cerca vai se romper e você se renderá a esses desejos novamente.

Há ainda um último tema importante de ser analisado no que se refere à neutralidade das coisas: como disse Paulo, as coisas não são ruins de si mesmas, mas nós podemos fazer mau uso delas.

Em todas as épocas a igreja resolveu demonizar coisas que, segundo Paulo, não são de si mesmo impuras. E vimos que, segundo Eva, isso ocorre pelo medo da tentação da serpente, mas que nada serve como resolução do problema, pois o mesmo está contido no coração.

No exato momento em que escrevo esse livro, as alas mais tradicionais da igreja estão demonizando um jogo de realidade aumentada chamado Pokemon Go. Esse tipo de demonização não é novidade pra mim. Na época da minha conversão, em meados de 2007, a igreja a qual congregava condenava o uso de uma rede social chamada Orkut. Na época dos meus pais, década de 80/90, a televisão era a demonizada da vez.

Isso sempre aconteceu em todas as épocas. Os motivos dados e os malabarismos bíblicos para provarem que essas coisas não eram de Deus eram os mais variados e bizarros que se possa imaginar.

No entanto, embora saibamos que as coisas não sejam ruins de si mesmas, nós podemos fazê-las ruins para nós se não soubermos usá-las devidamente.

Uma pistola pode ser mal usada nas mãos de um bandido, mas pode ser bem usada por um cidadão que quer tão somente proteger sua família; uma rede social pode ser mal usada quando um marido a usa para procurar outras mulheres, mas pode ser bem usada simplesmente quando alguém quer manter amizades antigas e compartilhar boas mensagens com sua rede de contatos; um jogo, seja ele qual for, pode ser mal usado e se transformar em um vício nas mãos de alguns, mas se bem usado pode trazer um momento de diversão entre a garotada.

Portanto, façamos bom uso de todas as coisas que estão ao nosso redor para nosso próprio benefício e, se possível, até mesmo para o benefício do nosso próximo. Isso é o “fazer tudo para a glória de Deus”, conforme Paulo.

3 – MINHA LIBERDADE EM RELAÇÃO AO PRÓXIMO

Quanto maior a liberdade, maior deve ser a nossa responsabilidade. Quem tem lido e entendido tudo o que venho escrevendo nesse livro está apto a viver toda a liberdade que há em Cristo sem sofrer nas mãos da dogmatização da igreja, do moralismo superficial da sociedade e, sobretudo, sem dar ocasião à carne.

No entanto, essa nossa liberdade no sentido prático precisa passar pelo crivo da consciência do nosso próximo. Isso é importante pelas seguintes razões: A) poderíamos aniquilar a consciência dos mais fracos na fé; B) nossa liberdade poderia ser uma barreira na pregação do Evangelho para os descrentes.

A)    Consciência dos mais fracos

Em 1 Coríntios 8 o Apóstolo Paulo escreve acerca de uma situação equivalente ao tema em que estamos tratando. O que acontece é que alguns crentes mais experientes daquela cidade estavam comendo carnes de animais que haviam sido sacrificados aos ídolos pagãos. Muitas vezes, após o sacrifício ser feito, a carne do animal era vendida no mercado local, e esses crentes compravam. Outras vezes, eles inclusive aceitavam convites de amigos ou familiares para jantar nos templos desses ídolos e, naturalmente, comiam da carne dos sacrifícios que haviam sido feitos (vs. 10).

Paulo não condena diretamente a atitude desses crentes. Afinal, a prática de sacrificar um animal a um ídolo é equivalente a nada, visto que “sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus. Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus” (1 Co 8.4-6).

A prática do sacrifício não deixava a carne do animal impura, porque esses deuses não existiam e, portanto, não poderiam amaldiçoar nada. Assim, aos olhos de Deus não havia pecado em alguém comer dessas carnes que foram sacrificadas aos ídolos.

Ter esse conhecimento mostrava o quão inteligentes eram aqueles crentes da cidade de Corinto. Porém, “o saber ensoberbece, mas o amor edifica.” (vs. 1). Esse amor que edifica é o que estava faltando no coração de alguns daqueles cristãos.

Ora, haviam crentes recém-convertidos no meio deles que tinham saído há pouco tempo desse meio pagão. E, para eles, essas carnes sacrificadas aos ídolos estavam realmente consagradas aos deuses daquelas regiões. Pela falta de tempo de caminhada na fé cristã eles ainda não tinham maturidade para entender o que os demais entendiam.

Então, Paulo diz: “se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a consciência do que é fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos? E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.” (1 Co 8.10-11).

Ao verem os mais maduros comendo desse tipo de carne, os demais também seriam induzidos a comer, mas depois ficariam com a consciência pesada, achando que haviam cometido pecado por terem comido.

Assim, Paulo conclui: “E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.” (1 Co 8.13).

É importante ressaltar que esse cuidado que devemos ter não é somente com os irmãos recém-convertidos, mas também com os que pelo tempo decorrido deviam ser mestres e não são. A esses, devemos ensinar em amor para que eles entendam a liberdade que têm em Cristo.

No entanto, se mesmo após o ensino eles resolverem se endurecer para essas verdades, não teremos mais que termos medo de escandalizá-los. Teremos sim, que enfrentá-los, posto terem conhecido a verdade e estarem se endurecendo a ela.

Devemos lembrar que Jesus quebrou muitos paradigmas sociais da sua época e escandalizou a muitos. Pelos relatos dos evangelhos, Ele fazia questão de curar as pessoas aos sábados; ao curar leprosos, Ele fazia questão de tocá-los; se relacionava com gentios – pessoas de outras nacionalidades; comia carne e bebia vinho com publicanos e pecadores; enfim, acredito que após ensinar ao povo acerca da verdade, ele a praticava, ou, usava da sua liberdade para gerar escândalo e ser questionado por eles para, então, ensinar a liberdade do evangelho. Assim, acredito que Ele fazia em amor, visando a edificação do próximo.

Portanto, tenhamos cuidado ao exercer nossa liberdade em Cristo na frente de irmãos mais fracos. Imagine que alguém acabou de sair de uma vida de farras e bebedices e se converteu ao Evangelho, seria correto tomar um copo de cerveja na frente dele? As chances de aniquilarmos a sua consciência seria enorme!

A atitude correta a se fazer seria abrir mão da liberdade de fazer isso na frente dele e, ao mesmo tempo, ensiná-lo aos poucos que não há proibição de Deus a esse respeito no Evangelho. Afinal, o próprio Jesus era chamado de “bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Lc 7.34). Mas que, por outro lado, há severas proibições acerca da embriaguez (cf. Lc 21.34; Ef 5.18; 1 Pe 4.3).

E por que é proibida a embriaguez? Vamos pôr em prática o que temos aprendido até aqui? – Ora, se alguém bebe até perder o controle das próprias atitudes, este vai ser um risco em potencial a ele mesmo e ao próximo, ferindo assim o princípio eterno do amor. Veja como é fácil! Com esse tipo de entendimento podemos discernir o que é pecado sem precisarmos seguir dogmaticamente as cartilhas religiosas. Digo, agora sei que a embriaguez é pecado não somente porque está escrito ou porque o pastor disse, mas porque eu entendo que é o melhor para mim e para o próximo.

B)    Barreira para o Evangelho

Muitas vezes a nossa liberdade em Cristo pode se constituir em escândalo para os descrentes – embora que as coisas que escandalizam um descrente sejam infinitamente menores do que o que escandaliza um religioso.

Em Mateus 17, por exemplo, quando perguntaram se Jesus pagaria as duas dracmas do imposto, Ele prontamente decidiu pagar, mesmo sem ser necessário que o fizesse. Ora, Jesus era da descendência de Davi, o mesmo que derrotou Golias e recebeu duas coisas como recompensa: a filha do rei Saul e a isenção de impostos para toda a sua casa em Israel (cf. 1 Sm 17.25).

No entanto, Jesus abriu mão dessa liberdade, tudo isso “para que não os escandalizemos” (Mt 17.27). Ou seja, para que não mudassem de assunto usando isso contra Ele enquanto estivesse em um debate; ou para que não usassem isso como desculpa para desqualificar sua mensagem, o que poderia levá-los a fechar o coração para o Evangelho. Afinal, como um sonegador de impostos poderia requerer que eu mudasse de vida? – Alguém poderia pensar.

A maioria dos descrentes não são conservadores e, portanto, desde que você cumpra com esses deveres comuns de cidadão como pagar suas contas, não fazer gato de energia na sua casa, e cumprir a lei do país nos aspectos mais gerais, sua mensagem não será desqualificada.

Tudo também depende de qual é o grupo que você deseja alcançar e onde você está inserido. Se você é um skatista e deseja iniciar um trabalho de evangelismo entre eles, não precisa se preocupar em tirar o seu alargador da orelha, eles não irão se escandalizar com isso. Ao contrário, talvez manter um visual parecido com o deles lhe abra portas para pregação do Evangelho. Ainda que esse método possa trazer falatório de outros setores da sociedade, o que importa é que almas estarão sendo salvas!

O próprio Senhor Jesus, sendo homem solteiro e novo, estando sozinho conversou com a mulher samaritana, que tinha fama de ser a pecadora da cidade, ao ponto de os seus próprios discípulos se admirarem (cf. Jo 4.27). Se Jesus tivesse posto os usos e costumes acima do amor, aquela alma perdida provavelmente estaria hoje no inferno. Agora pare para pensar: quantos outros não são jogados no inferno pela igreja para que essa possa preservar a própria imagem, com a desculpa de ter que ser luz e sal na Terra?

Se, porém, você estiver inserido entre os descrentes mais conservadores – fora do meio religioso eles são minoria, mas existem – prepare-se para tirar qualquer tipo de adereço, compre roupas sociais, afine o seu linguajar para um vocabulário mais formal e talvez assim eles lhe ouçam.

Enfim, no que se refere a abrir mão de liberdades para o bem da propagação do Evangelho, sigamos o exemplo de Paulo:

“Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” (1 Co 9.20-22).  

sábado, 28 de fevereiro de 2015

O que é realmente o tal Evangelho de Jesus?

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho” (Hebreus 1.1,2).

Só há vida-liberdade espiritual plena e saudável quando se está no Evangelho, e nem sempre quem está na igreja-templo está nesse Evangelho. Uma fé fora do da mensagem de Cristo gera adoecimento espiritual em uma medida ou em outra. Por isso, quando alguém está fora do Evangelho passa a demonstrar sinais de fanatismo religioso, esquizofrenia, escravidão ao pecado, dentre outras doenças da alma.

Dessa forma, para que possamos entender nossa Liberdade em Jesus, precisamos entender o que é o Evangelho.

O Evangelho é o próprio Cristo. Ele é a personificação e a revelação plena da Palavra: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14). Tudo o que Ele viveu e ensinou é Evangelho.

Toda a Escritura que veio anteriormente a Jesus tinha como objetivo principal testemunhar acerca dele. Foi por isso que Filipe exclamou: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José” (cf. João 1.45).

Logo no começo da Bíblia, após o pecado do homem, Deus anuncia de forma rasa que haveria de vir alguém para destruir a cabeça da serpente que havia posto o homem naquela situação de separação de Deus (cf. Gn 3.15). A partir daí a revelação bíblica vai progredindo e o Messias que haveria de vir vai tomando forma pelo fato de que os profetas vão dando características mais profundas acerca dele. Vejamos algumas dessas características:

Moisés afirma que Ele seria profeta: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15);

Filho de Deus: “Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.” (Sl. 2.7);

Sumo-sacerdote: “O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Sl 110.4);

Seria traído por alguém: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.” (Sl 41.9);

O preço seria trinta moedas: “Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata.” (Zc 11.12);

Nasceria de uma virgem: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.” (Is 7.14);

Locais onde Ele costumaria ensinar: “Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali; mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios. O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” (Is 9.1-2);

Seria da descendência de Davi: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR.” (Is 11.1-2);

Cidade em que nasceria: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Mq 5.2);

Longânimo e misericordioso: “Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito.” (Is 42.3);

Libertar-nos-ia de males espirituais: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados” (Is 61.1);

Realizaria curas físicas: “Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo.” (Is 35.5-6);

Salvador dos gentios: “também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” (Is 49.6);

Se entregaria a maltratos: “Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam” (Is 50.6);

Seria sacrificado em nosso lugar: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Is 53.5);

Iria ressuscitar: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (Sl 16.10).

O Antigo Testamento está repleto de profecias que caracterizavam como seria o Messias, e o último profeta que testemunhou acerca dele foi João Batista. Por isso está escrito: “todos os Profetas e a Lei profetizaram até João” (cf. Mt 11.13).

As profecias que começaram de forma rasa foram tomando forma até que João aponta para Jesus e afirma de forma indubitável: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29).

Após a Lei cumprir seu principal objetivo de apresentar Jesus aos judeus, não havia mais necessidade de que ela continuasse em vigor, visto que um ensino superior havia sido trazido por Jesus, e esse ensino é o amor. Do amor se ramificam todos os ensinamentos de Jesus, e é baseado nele que o salvo demonstra sua mudança de vida resultante da fé. Afinal, como disse Paulo, “a fé atua pelo amor” (cf. Gl 5.6b).

Os líderes geralmente não gostam muito de amadurecer a consciência das pessoas no amor de Deus, posto dar mais trabalho, então preferem dar um “pacote” de coisas as quais elas devem fazer para andar conforme Jesus. Isso é triste porque a fé acaba se transformando em um “temor que consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprenderam” (cf. Is 29.13).

As pessoas precisam entender que o ensino de Jesus se ramifica do que ele resumiu em dois mandamentos. Um se refere ao nosso amor ao Deus-Pai, e o outro se refere ao nosso amor ao próximo. Vamos analisar pormenorizadamente cada um deles e entender o conceito que está por detrás de ambos.

1 – “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.” (Mt 22.37).

Desse mandamento se ramificam os ensinos do Evangelho que não tem diretamente a ver com nosso próximo, mas a Deus. E o que Deus requer de nós não é porque Ele precise, mas porque isso retorna para nós em forma de benefícios para nosso crescimento espiritual. Assim, nosso amor a Deus volta como amor de Deus por nós!

Por exemplo, quando Deus requer nosso louvor, não é porque Ele precise. Ele tem miríades de anjos que cantam melhor do que nós. Mas Ele quer que louvemos porque o louvor faz bem ao próprio adorador, que ao cantar em espírito e em verdade traz para dentro d’alma uma paz profunda e um grande consolo adquirido da canção cantada.

Em 1 João 1.9 diz que devemos confessar os nossos pecados. Mas por quê? Afinal, se cremos, já somos perdoados por meio de Cristo dos pecados que cometemos no passado, presente e futuro! A verdade é que Deus não precisa ouvir nossos clamores diários de perdão. Ele requer isso de nós para o nosso próprio bem. Quando pedimos perdão, lembramos que somos pecadores e mantemos viva na nossa mente a lembrança dos pecados cometidos. Se não pedíssemos perdão, as nossas atitudes erradas nem seriam lembradas por nós como atos danosos, e cairiam na normalidade. O pedido diário de perdão é um exercício para não deixar nosso coração insensível em relação ao nosso pecado.

Quando Deus requer de nós que nos congreguemos com outros irmãos, não é que Ele precise que um grupo de pessoas se reúna periodicamente para bajulá-lo. Congregar faz bem para nós mesmos! Quando estamos cultuando a Deus em conjunto, somos beneficiados pela alegria de servir a Deus com pessoas que compactuam de uma mesma fé, somos edificados pelos irmãos mais experientes na Palavra, crescemos ao ver o agir de Deus no testemunho pessoal dos outros, recebemos exortações em amor quando negligenciamos alguma área da nossa vida. Enfim, congregar é essencial na vida espiritual do salvo, por isso é tratado com tanta importância em Hebreus 10.25.

Deus disse “Ide!” não porque Ele não pudesse ir, mas porque Ele sabia que faria bem a nós se nós fôssemos. Muitas pessoas pensam que pregar é uma obrigação do salvo, posto que se não pregar o nosso próximo não será beneficiado. Grande engano! A ordem da pregação é primeiramente para que o pregador seja edificado pela própria Palavra que vai pregar. Paulo disse: “ai de mim se não pregar o evangelho!” (cf. 1 Co 9.16). É interessante que ele não diz “ai do meu próximo!”. Isso porque quando eu prego o maior beneficiado sou eu, posto que a Palavra se internaliza com mais profundidade em mim, e ao pregar me mantenho em maior vigilância para que viva de forma coerente com o que ensino.

2 – “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 22.39).

Amar nosso próximo é também uma forma de amar a Deus. Afinal, o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. E, semelhantemente ao primeiro mandamento, esse também retorna em benefício para o que o pratica.

Quando nós amamos nosso próximo na área dos relacionamentos, nós passamos por essa vida de forma muito mais tranquila, posto não incharmos nosso coração com sentimentos danosos como mágoa, rancor, raiva, inveja, cobiça e lascívia.

Além disso, evitar que sentimentos semelhantes a esses venham a nascer em nosso coração nos previne de praticar a consequência deles ao nosso próximo, que é o dano propriamente dito.

Por exemplo, Jesus disse que quando deixamos a lascívia criar raiz em nosso coração, e em nosso íntimo desejamos a mulher do nosso próximo, já estamos cometendo o início do adultério que, se não tratado, poderá sair das paredes do coração e se tornar um adultério na prática com a pessoa a qual estamos desejando. O que Jesus falou não tem nada a ver com desejar em seu coração a sua namorada ou alguém que você goste. Afinal, isso é completamente normal e sadio. O que não pode acontecer é adulterar em seu coração com uma mulher casada, pois isso pode evoluir para a prática física desse adultério, o que traria dor e sofrimento para ambas as famílias, quebrando assim o princípio do amor ao próximo.

O exemplo anterior pode ser aplicado a qualquer dos sentimentos que nascem do coração que, se não tratados, poderão se materializar em práticas nocivas ao próximo. Se dermos espaço à inveja, poderemos incorrer em falso testemunho; a cobiça pode resultar em furto; a mágoa redundar em vingança; a raiva em assassinato; e assim por diante. Por isso que está escrito: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23).

E esse mandamento não se limita apenas a vigiar o coração para não praticar o mal contra o próximo, mas também nos induz a exercitá-lo na prática do bem. “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.” (Atos 20.35).

Socorrer os necessitados não se limita apenas a dar um prato de comida a quem precisa, mas pela fé ajudarmos a todos sempre que tivermos a oportunidade de fazê-lo. Conforme a parábola do samaritano, devemos ajudar a quem está no nosso caminho, isto é, quem está no nosso ciclo de convivência, posto conhecermos a sua realidade.

Assim, devemos ajudar com alegria os nossos pais em casa, nos empenhar na cooperação mútua na empresa que trabalhamos, cuidar dos necessitados da nossa vizinhança e extrapolar o nosso coração de amor em todas as áreas da nossa vida.

“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.” (1 João 3.14).

Esse é o testemunho que precisamos dar a sociedade: a prática genuína do amor. Isso que significa ser a luz do mundo, o sal da Terra e o bom perfume de Cristo.

Dar testemunho não é ficar discutindo sobre quantos centímetros sua saia deve estar abaixo do joelho, ou se você está usando o cabelo conforme a religião determina. Isso seria testemunho de loucura e fanatismo e não do genuíno cristianismo conforme Cristo.

Nosso guia de fé é apenas o Evangelho de Jesus. Afinal, tendo vindo Jesus, o Pai deixou claro no monte da transfiguração a quem deveríamos ouvir. Naquela ocasião, além de Jesus, estavam presentes Moisés (representando a Lei) e Elias (representando os Profetas), mas Deus falou: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.” (Mt 17.5). Essa narrativa é tão importante que está presente em todos os evangelhos sinóticos. Deus queria deixar claro para todos que Jesus era o único com direito a ter voz na Nova Aliança!

Quando falo que o guia do crente é o Evangelho de Jesus, estou dizendo que tudo nessa existência que queira ser tido como verdade tem que passar pelo crivo dele, inclusive a própria Bíblia.

Na época da Reforma Protestante, em meio a discussões sobre quais livros eram canônicos e quais não eram, Lutero proferiu aquilo que acredito ser a maior chave acerca da qual devemos usar para entender o que é Palavra de Deus ou não:

“Cristo é o Mestre, as Escrituras são apenas o servo. A verdadeira prova a submeter todos os Livros é ver se eles operam a vontade de Cristo ou não. Nenhum Livro que não prega Cristo pode ser apostólico, muito embora sejam Pedro ou Paulo seu autor. E nenhum Livro que prega a Cristo pode deixar de ser apostólico, sejam seus autores Judas, Ananias, Pilatos ou Herodes” (Martinho Lutero)

O que Lutero falou está em consonância com o texto de João 11.49-53:

“Caifás, porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação. Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos. Desde aquele dia, resolveram matá-lo” (João 11.49-53)

Caifás foi um dos principais responsáveis pela perseguição e morte de Jesus. Mesmo sendo ele um ser horrível, em dado momento o que ele falou foi considerado Palavra de Deus. Posto que “sem querer” profetizou a mensagem da salvação, isto é, que Jesus morreria em lugar de todos.

Com isso, concluímos que a Verdade do Evangelho pode estar em qualquer lugar, desde que esteja de acordo com o ensino e vida de Jesus. Para Deus, não faz diferença se saiu da boca do apóstolo Paulo ou do terrível Caifás, se está escrito na Bíblia ou numa poesia escrita por um descrente que nunca ouviu nada acerca de Deus. Afinal, Ele age e se manifesta da forma que quer, e usa quem quer da forma que lhe apraz. Se em uma aldeia distante aonde nunca chegou nenhum missionário alguém resolver escrever numa pedra “não matarás”, será Palavra de Deus, mesmo que eles nem ao menos saibam disso. Afinal, tudo que conduz à vida e à piedade é de Deus (cf. 2 Pe 1.3), pois o ensino de Jesus é espírito e é [gera] vida (cf. João 6.63).

Há ainda um último ponto que precisa ser discernido: Jesus não é somente a revelação plena e final da Palavra, mas é também a chave para se interpretar o restante da Escritura. Nós não devemos ler Jesus a partir da Bíblia, mas sim ler a Bíblia a partir de Jesus. Isso nos prevenirá de tirar conclusões erradas acerca do que está Escrito.

“Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras” (1 Tm 1.3,4).

A Bíblia já foi usada como base para criar as maiores heresias que essa Terra já viu. Os Mórmons, os Adventistas, os Testemunhas de Jeová, os Espíritas, os Católicos e os Evangélicos usam como base da sua fé a Bíblia, mas cada um tem sua própria interpretação e a grande maioria têm chegado a conclusões erradas acerca dela.

Qualquer um pode usar malabarismos com versículos bíblicos para se chegar a qualquer conclusão que deseje, mas não se passar pelo crivo de Jesus. Então, quando alguém vier lhe trazendo algum ensino, veja se esse ensino “concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo” contido nos quatro evangelhos.

Se alguém vier lhe falar sobre reencarnação, ainda que seja usando versículos bíblicos, procure em Jesus se ele tratou sobre isso; se alguém vier lhe falar sobre doutrina da prosperidade, ainda que usando versículos bíblicos, veja como Jesus tratou desse tema; se alguém vier lhe falar sobre guardar o sábado ou a Lei de Moisés, ainda que usando versículos bíblicos, veja como Jesus tratou esse tema; se alguém perguntar sobre divórcio, pena de morte, e qualquer outro assunto do dia a dia, simplesmente veja como Jesus tratou esse tema.

Como diria J. C. Ryle: “Tire a cruz de Cristo, e a Bíblia será um livro obscuro. Ela seria como os hieróglifos egípcios, sem a chave que interpreta o seu significado – curiosa e maravilhosa, mas sem qualquer serventia real.”

Afinal, em Jesus, “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (cf. Cl 2.3). Tudo que nos conduz à vida e à piedade está nele, e fora dele não há mensagem da parte do Pai que deva ser considerada.

Finalmente, é importante entender que quando falo de Evangelho com “E” maiúsculo, não estou me referindo aos quatro evangelhos contidos na Bíblia. Porque se esses quatro evangelhos tivessem todo esse poder, a mensagem da salvação não poderia ter sido pregada até por volta dos anos 70 d.C., pois até essa data nenhum deles haviam sido escritos ainda.

Portanto, quando eu falo em Evangelho, estou me referindo àquilo que falei no começo: a Palavra viva, o Verbo que desceu do céu, o próprio Deus encarnado em Jesus. Uma mensagem que está para além da letra morta, posto ser um espírito vivo.

É bem verdade que, diferentemente dos apóstolos, praticamente tudo o que eu conheço acerca de Jesus, conheço através do que está escrito. Porém, ao ler acerca do que Jesus ensinou e viveu, posso discernir os princípios da mensagem do Evangelho que estão ligados diretamente aos atributos do próprio Deus – o amor, que já foi falado aqui, a justiça, a bondade, a santidade, a onipresença, onisciência e onipotência. Foi por isso que Jesus disse: “quem me vê a mim vê o Pai” (cf. João 14.9). Esses atributos são eternos e imutáveis, mas a aplicação deles pode ser circunstancial ao contexto.

Assim, ao entender os princípios dessa mensagem, podemos facilmente entender o que é ou não algo apenas circunstancial no Antigo Testamento, nos quatro evangelhos, e nas epístolas do Novo Testamento. 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Afinal, por que a Lei foi dada?

Em outros textos já mostrei que embora a Bíblia seja a Palavra de Deus, muito do que nela está escrito tem caráter transitório e circunstancial, especialmente no que se refere ao Antigo Testamento. E vimos que só em Jesus nós temos a plenitude da revelação de Deus, a qual nós denominamos de Evangelho.

Muitos cristãos não entendem que a Lei de Moisés foi cumprida por Jesus. Por não entenderem isso, ficam a discutir quais mandamentos da Lei continuam e quais foram abolidos por Ele. Mas a verdade é que não há como a Lei estar em vigor em partes. Ou ela foi aniquilada na Cruz como um todo ou não foi.

Da mesma forma que a Lei foi selada por Moisés conjuntamente como uma só (cf. Ex. 24.8), ela só poderia ser abolida na sua totalidade. É por isso que Paulo escreve: “se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.” (Gl 5.2-3). O que ele está dizendo não se restringe apenas a circuncisão, mas a qualquer mandamento da Lei. Se alguma pessoa quiser fazer valer sua salvação pela guarda de qualquer mandamento da Lei, este precisará cumpri-la toda. Porém, quando o homem comum percebe a quantidade e meticulosidade dos mandamentos da Lei unidos a força da nossa carne pecaminosa que nos joga contra eles, este passa a perceber que é impossível que alguém herde o céu por merecimento próprio.

Graças a Deus por Jesus Cristo, que cumpriu em nosso lugar toda essa perfeição requerida pela Lei, pois nunca poderia ser cumprida pelo homem!

Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho... a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós” (Rm 8.3-4).

sábado, 10 de janeiro de 2015

Tetelestai


     Jesus veio para nos dar liberdade. Essa liberdade não se restringe apenas a libertação do fardo do pecado, mas de tudo aquilo que escraviza a alma no que se refere ao homem tentar agradar a Deus para a salvação.

Não são raros os casos em que uma pessoa recebe de coração aberto a mensagem da salvação através de Jesus, mas continua se perguntando: o que mais tenho que fazer? E acaba por ficar escrava de ritos, dogmas, tradições e tantas outras coisas impostas pela religião.

Uma vez ouvi de um fisioterapeuta que ao receber seus pacientes com alguma dor no corpo, efetuava uma massagem para que o mesmo ficasse livre da agonia, mas ao mesmo tempo usava das suas técnicas para manter a dor infiltrada de forma que viesse a aparecer futuramente em outras regiões do corpo para que os clientes sempre voltassem a sua clínica.

Assim é a religião. Ela passa uma maquiagem no problema do indivíduo, mas ao mesmo tempo prende sua alma em outras áreas para que a pessoa se mantenha cativa ao sistema religioso pelo medo.

Eu acredito que isso ocorre por pelo menos dois motivos: 1) pela falta de entendimento de que o sacrifício de Cristo realmente foi completo e eficaz; 2) por não compreender o que é a “santidade” e as “boas obras” resultantes da conversão.

1 - TETELESTAI

Um dos maiores problemas dos cristãos é não entenderem o significado de tetelestai (“está consumado”, do grego). E quando digo que não entendem, não estou me referindo ao fato de não entenderem o significado etimológico da palavra, porque isso muitos podem até entender. O que a maioria não entende é o significado disso para a vida de todos nós.

A falta desse entendimento implica na ideia de que ainda há algo a mais para consumarmos à nossa salvação. O sacrifício de Jesus foi feito, mas alguns pensam que ainda precisam fazer algo mais.

Esse tipo de pensamento faz com que se ramifique todo tipo de filosofia de “faço-recebo”. Então aparecem doutrinas como a dos Gálatas, que tentam retornar à prisão da circuncisão e da Lei de Moisés; consequentemente nascem doutrinas e tradições humanas que são tidas como ordenanças divinas; e mais, isso pode chegar ao ponto de evoluir para a teologia da prosperidade e tantas outras ideologias de faço-mereço.

No entanto, quando Jesus disse “tetelestai”, ele disse que fez tudo o que Deus requeria que o ser humano fizesse para agradar a Deus. TUDO! E isso não se restringe ao cumprimento da Lei mosaica, mas a qualquer tipo de coisa que o ser humano invente de fazer para se chegar ao Pai. Assim, a única maneira de se chegar a Deus é através da fé naquele que fez tudo em nosso lugar, Jesus Cristo.

Quando não entendemos isso, passamos a querer estabelecer justiça própria, e esquecemo-nos da justiça que vem de Deus. Passamos a achar que merecemos o céu em função da suposta “vida santa” que temos aqui na Terra, e julgamos por condenáveis todos aqueles que não seguem o padrão de vida que nós estabelecemos ser o certo a se seguir. É dessa forma que se iniciam as religiões.

Toda religião (“Religare”, que significa religação do latim) nasce com a ideia de que algo deve ser feito pelo homem para que ele seja aceito por Deus. Todo ser humano tem tendência a pensar que Deus precisa de alguma obra boa para que sejamos aceitos por Ele.

Em Adão já vemos a primeira aparição da religiosidade humana quando ele decide resolver o problema do seu pecado à sua própria maneira, cobrindo a sua nudez com folhas de figueira, obras de suas próprias mãos. No entanto, Deus aparece e sacrifica um cordeiro – que já prefigurava o Cordeiro de Deus, Cristo Jesus – para cobrir a nudez do homem e da mulher, mostrando assim que o sacrifício quem faz é Ele.

Depois dele veio seu filho, Caim, que quis apresentar a Deus uma oferta feita à sua própria maneira, e não uma oferta proveniente da fé conforme fez seu irmão Abel. O resultado foi a aceitabilidade da oferta de Abel, que fez com que seu irmão Caim cometesse o primeiro homicídio da história humana movido por inveja.

Ora, Deus não quer nossas obras como forma de expiação de pecado, elas não são capazes de cobrir a nossa nudez. Ele mesmo é quem sacrifica o cordeiro para nos cobrir. A obra quem faz é Ele.

Logo, a única religião legítima diante de Deus é a que se confia unicamente em Cristo como forma de nos levar ao Pai. Só a fé em Jesus é a nossa verdadeira religação!

Não se confie em nada mais que não seja Ele. Não se confie na sua igreja, não se confie no seu pastor, não se confie nas coisas que você faz na igreja, não se confie nas coisas boas que você faz à humanidade; em nada devemos nos confiar diante de Deus, a não ser em Jesus Cristo. É isso que diz Paulo em Efésios: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Ef. 2.8-9).

Conta-se de um soldado japonês, Hiroo Onoda, que se escondeu nas florestas filipinas por 30 anos porque não acreditava que a segunda guerra mundial tinha acabado. Durante anos aviões passavam jogando panfletos informando acerca do fim da guerra, mas ele não acreditava.

Assim acontece com alguns crentes. Jesus venceu na cruz e a guerra acabou, mas eles não acreditam. Por isso, continuam lutando e oferecendo sacrifícios sem entenderem que o único sacrifício aceitável por Deus já foi feito. Está consumado, está feito, está pago através de nosso Senhor Jesus Cristo!

2 - VIDA NOVA COM CRISTO

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14).

Quando lemos esse versículo somos tentados a pensar que existe uma relação de troca, em que somente teremos acesso à presença de Deus se em troca disso formos santos aqui na Terra. No entanto, esse pensamento é equivocado, não devemos buscar santidade para sermos salvos, mas sim porque fomos salvos. A santidade é uma consequência natural na vida de alguém que teve um real  encontro com Jesus.

      Não existe essa história de que após alguém se entregar a Cristo essa pessoa pode viver uma vida em contínua perversidade e ainda assim se considerar um salvo. Isso seria contraditório. A graça de Deus em nós nos leva a buscarmos nos assemelhar cada dia mais àquele que nos salvou. Sem santificação ninguém verá a Deus, pois é a santificação que mostra que realmente tivemos um encontro com Ele. É impossível ter tido um encontro com o Amor encarnado e continuar sendo a mesma pessoa.

Assim, quando alguém se torna cristão ele deve aos poucos ir amadurecendo sua consciência no Evangelho para que vá se transformando de glória em glória em alguém mais parecido com Cristo. Isso faz dele um ser de consciência livre que segue o Evangelho ensinado por Jesus porque entendeu que isso é o melhor para a própria vida, e não porque o pastor impôs que assim fosse.

O problema é que na caminhada da vida cristã muitas pessoas não compreendem o que é o Evangelho e misturam o ensino de Jesus com mandamentos transitórios do Antigo Testamento e, pior ainda, muitas vezes adicionam doutrinas e tradições meramente humanas.

Então, se alguém não segue essas dogmatizações da igreja, passa a ser visto como um mundano e carnal. O que nem sempre é verdade. Afinal, não está sendo cobrado dessa pessoa o seguir aquilo que Jesus ensinou, mas sim aquilo que os homens adicionaram ao Evangelho.

Não podemos tirar nem adicionar nada ao Evangelho, pois se assim fizermos incorreremos em grave erro. Paulo ensinou: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Gl. 1.8).

O discípulo de Jesus precisa entender que ele caminhará pelo caminho estreito. Nesse caminho estreito não há espaço para nada mais nem nada menos que não seja o Evangelho. É por isso que dificilmente o discípulo consegue se adaptar ao ensino das instituições religiosas. Isso porque geralmente elas ou subtraem ou acrescentam ensinos ao que Jesus deixou.

Algumas pregam o liberalismo, duvidam da inspiração da Escritura, e pinçam do ensino de Jesus apenas aquilo que lhes apraz para satisfazer seus desejos carnais. Outras pregam o tradicionalismo, enchendo o ensino de Jesus de doutrinas humanas e legalismos.

Dificilmente uma igreja consegue ficar no caminho entre os dois excessos. Afinal, o caminho é estreito, e poucos passam por ele. Mas tenho fé que é possível restar um remanescente fiel.

    O caminho de Jesus é simples, não precisa-se virar um doutor em teologia para seguí-lo. O caminho de Jesus é o amor. Crescer no Evangelho não é buscar diplomas de teologia, mas simplesmente aprender com Jesus a forma correta de encarnar esse amor na nossa vida, no nosso dia a dia. Essa é a verdadeira santificação "sem a qual ninguém verá o Senhor". O que passar disso é invenção da religião.

Me entristeço muito quando vejo membros de igrejas tradicionais deixando de caminhar no caminho estreito em que deveriam estar, ficando aprisionados aos dogmas a eles impostos, achando que estão seguindo Jesus por estarem seguindo a cartilha da igreja.

Foi essa prisão em que vejo muitos encarcerados que me moveu a escrever sobre a Liberdade em Jesus. 

     De forma complementar, para entender o que realmente é Evangelho e o que é apenas tradição humana, sugiro a leitura dos seguintes textos:

1 - O que é realmente o tal Evangelho de Jesus?
2 - Afinal, por que a Lei foi dada?
3 - Usos e Costumes