quinta-feira, 2 de abril de 2020

Aqui Jaz o Movimento Evangélico


Até os anos 2000, quando alguém criticava o movimento evangélico, guardava o cuidado de não generalizar dizendo: “embora isso aconteça, ainda existem algumas igrejas saudáveis”. Essas “igrejas saudáveis” as quais se referiam, geralmente eram as igrejas histórico-conservadoras, que não exteriorizavam de forma espetaculosa as heresias que as igrejas neopentecostais realizavam sem pudor. No entanto, o que sempre denunciei era que o erro das igrejas histórico-conservadoras era velado, ninguém o percebia facilmente, até que chegou o ano de 2014 e a política entrou com força nas igrejas.

O principal problema dessas igrejas era o moralismo fanático proposto por suas lideranças. Existiam igrejas que proibiam o membro de ir à praia – outras permitiam, desde que não usassem roupa de banho; algumas demonizavam a televisão; outras proibiam que escutasse música de fora da igreja – as quais eles adjetivavam como “mundanas”; se essas coisas simples eram tabus, imaginem temas como homossexualidade, sexo antes do casamento, submissão da mulher, etc.

Enquanto essas loucuras ficavam apenas dentro das suas igrejas, a sociedade não conseguia percebê-las. Afinal, vendo a igreja pelo olhar de quem está de fora, não havia o que criticar. No máximo se dizia que eles eram muito rigorosos. No entanto, os que viviam dentro desse sistema eram atormentados diariamente por essa rigidez, visto que toda tratativa para com os que não se encaixavam em seus elevados padrões morais era através da exposição pública, da confrontação denunciativa perversa e, nos casos mais extremos, exclusão. O que os líderes desses movimentos pregam é que a relação com Deus é baseada naquilo que você pode entregar a Ele em asceticismo moral e não através da graça, misericórdia e amor.

A sociedade começou a perceber o quão esse movimento é danoso quando ele começou a se exteriorizar através da política. Agora todo aquele moralismo fanático que era aplicado apenas aos membros da igreja passou a ser imposto aos poucos através da política para toda a sociedade.

O que me levou a escrever esse texto foi descobrir um livro escrito recentemente por um pastor conhecido meu:


Eles estão despudoradamente indo contra tudo o que Jesus pregou e fez. Por terem abraçado o movimento conservador de Direita em função dos costumes morais, tiveram que aceitar o pacote todo. Isto é, estão começando a pregar que não se deve fazer assistencialismo aos pobres! Não contentes em negar que a mensagem da salvação é apenas por misericórdia e graça, fazendo-a dependente da complementação através de atitudes religioso-morais. Agora, extrapolando em sua malignidade, estão negando a práxis do Evangelho, que foi clara e exaustivamente praticada por Jesus em relação aos pobres, publicanos, pecadores, excluídos e marginalizados.

Eles, por estarem cercados de doutores conforme suas concupiscências (2 Tm 4:3-5), doutores estes que fazem malabarismos com textos bíblicos para justificar esses absurdos, pensam cegamente que não estão errados. Ao serem questionados, fazem como o cego povo de Israel no período pré-cativeiro, e respondem: “em que temos nós pecado?” (Jr 2:35). Foi-lhes dado olhos para não verem e ouvidos para não ouvirem.

A altivez é tamanha, que chegam a dizer que a crise mundial de saúde que estamos passando é castigo de Deus aos pecadores que ainda não se converteram à gloriosa religião evangélica, religião essa que usa como fachada o nome de Jesus, mas que diariamente nega o que Ele ensinou e viveu. Não conseguem se enxergar, não percebem o quão longe estão da simplicidade do Evangelho. Se eles conhecessem as Escrituras e o poder de Deus, saberiam que se há um juízo, o juízo é sobre a Igreja. O apóstolo Pedro diz que o juízo de Deus começa pela Casa dele (1 Pe 4:17). E isso é o lógico, a saber, julgar aqueles que têm uma aliança com Ele e não quem não tem. Foi assim com a nação de Israel, que sempre que quebravam a Aliança, eram julgados. Quanto aos de fora, a eles no dia chamado Hoje é oferecido misericórdia e não julgamento.

Não há mais como usar a reserva generalizatória proposta no início desse texto. A quantidade de igrejas evangélicas saudáveis ficou tão escassa que não se pode mais dizer: “o movimento evangélico está perdido, mas ainda há igrejas saudáveis”. Pelo contrário, é hora dessas pouquíssimas igrejas saudáveis tiraram de si o nome de evangélicas, pois se não serão levadas juntas no dia da ira, que está às portas.

Existe um momento em que a quantidade saudável é tão pequena que, ao invés de ficar e tentar mudar a multidão dos que estão errados, precisa sair para que não seja engolida pelo erro dos outros ou levada também pelo juízo de Deus. Lembra de Sodoma e Gomorra? Lembra da Arca de Noé? Pois bem, existe um momento em que se tem poucos demais para poder influenciar todo o mal que está ao redor. Nesse momento, é hora de sair desse meio porque a ira vem. Isto já está acontecendo com o movimento Evangélico e não tardará.

É hora de sair do meio deles, mudem o nome de suas igrejas ou até voltem a se reunir singelamente de casa em casa como na época de Atos. Façam qualquer coisa, só não fiquem aí se identificando como os tais! Pois se assim o fizerem, nem mesmo a sociedade lhes respeitará. Desde as eleições de 2018, a sociedade ficou vacinada contra qualquer movimento que tenha “Evangélico” no nome. Para eles, isso é sinônimo de machismo, homofobia, xenofobia, preconceito, discurso de ódio, e tudo aquilo que vai contra o amor. Aquele mal velado que não era percebido, agora ficou exteriorizado para toda a sociedade.

As poucas igrejas que tiverem coragem de fazer isso sofrerão severa perseguição por parte das que persistirem em ficar dentro do movimento. Ser minoria muitas vezes traz medo. Porém, saibam que estreito é o caminho e que poucos são os escolhidos. Não é estranho ver um movimento crescendo tanto, visto que Deus disse que seriam poucos? Do ponto de vista do Evangelho, faz todo sentido ser minoria!

O que mais me entristece é que tem ovelhinhas de Deus dentro dessas igrejas que não sabem nem o que está acontecendo. Deus tem suas ovelhas amadas em todo lugar: no espiritismo, na igreja católica, na rua com os que nem igreja tem, e pasmem, ele tem ovelhinhas amadas até mesmo dentro da igreja evangélica, desde as neopentecostais até as histórico-conservadoras. Essas ovelhinhas estão no meio do fogo cruzado, assustadas, sem entender ou sem saber a quem seguir. Oh Deus, que o Senhor as guarde do mal e não permita que os erros ensinados nesses lugares pervertam o coração delas!

As mantenha na simplicidade e graça do amor ensinado e entregue por Jesus, essa é minha oração, com temor e tremor, mas certo da verdade em Jesus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário