Quando o assunto é adoração por
meio de cânticos, as pessoas tendem a ser bastante extremadas nos seus
posicionamentos – ou são totalmente liberais ou totalmente conservadores. Por
isso, quando o assunto está em debate os nervos ficam à flor da pele. Os dois
lados começam a usar de malabarismos nos textos bíblicos e evocam cada qual seu
teólogo preferido, para assim embasar seu ponto de vista. No entanto, o que
poucos sabem é que Jesus já tratou desse tema enquanto esteve nas regiões de Samaria
e conversava com certa mulher samaritana.
“Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em
Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me
que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós
adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação
vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura
para seus adoradores.” (João 4.20-23)
É interessante observar que pouco
antes Jesus estava falando de outros assuntos com a mulher, mas de repente ela
corta o assunto assim que reconhece que Ele é profeta (vs. 19), e decide tirar
uma dúvida doutrinária com Ele.
O que acontece é que os
samaritanos costumavam adorar a Deus no monte Gerizim, visto que a prática de
adorar em montes era adotada desde a época de Moisés. “Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei: depois de
haveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus neste monte” (Êxodo 3.12). Já
os judeus entendiam que o local de culto era única e exclusivamente o templo. Todavia,
a maioria dos samaritanos só aceitavam os escritos que fizessem parte do
Pentateuco, por isso não entendiam que o templo era o local correto de adoração
naquela época. Dessa forma, existia um debate ferrenho entre os “teólogos”
samaritanos e os “teólogos” judeus. Certamente essa dúvida doutrinária permeava
a cabeça dessa samaritana há muito tempo, e ela viu em Jesus a oportunidade de
sana-la.
Jesus sabia que as duas
interpretações estavam erradas, tanto a dos samaritanos quanto a dos Judeus.
Ambas eram doutrinas superficiais. Os judeus não viam o templo como uma
tipificação de Jesus – pois se assim o fizessem estariam certos em ali adorar –
antes idolatravam apenas o lugar; as paredes, as portas, o chão. A mesma coisa
acontecia com os samaritanos, que achavam que pelos simples fato de estarem em
um monte estavam realmente adorando a Deus.
O Senhor, então, responde que não
é o estereótipo da adoração que vai fazer com que seu culto ou seu louvor
cheguem aos ouvidos de Deus. A única coisa que Ele quer é ser adorado em
espírito e em verdade. Em espírito
porque o adorador deve estar ligado espiritualmente a Deus por meio de Jesus
Cristo, e em verdade porque Deus se alegra com um coração verdadeiramente
sincero perante Ele.
O que as pessoas não entendem é
que a adoração acontece muito mais de dentro para fora do que de fora para
dentro. “Sacrifícios agradáveis a Deus
são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó
Deus.” (Salmos 51.17)
Então, Deus não se importa com
nenhum tipo de exterioridade? Tanto faz o local, os instrumentos, ou a melodia
usada? – Tenho plena convicção de que para Deus essas exterioridades não
importam. Mas, tudo isso deve ser ponderado com responsabilidade, especialmente
quando o louvor estiver sendo feito em grupo – pois o povo de Deus deve estar sempre
promovendo um culto racional por conta da consciência do próximo, caso
contrário diriam que estão loucos (cf. 1 Co 14.23).
No entanto, de uma coisa tenho
certeza, não adianta louvarmos a Deus à capela estando com o coração distante
dele, bem como não adianta impormos um emocionalismo artificial por meio de
instrumentos se a verdadeira emoção promovida pelo Espírito Santo não estiver
presente. Deus quer sinceridade independentemente da presença ou da falta de
instrumentos, sejam eles quais forem.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirIrmão e amigo Thiago, concordo plenamente com o seu comentário e o acho muito prudente. Indubitavelmente, as formas de adoração estipuladas pelo homem não passam de convenções terrenas, mas a essência do verdadeiro louvor se discerne espiritualmente.
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