sexta-feira, 1 de maio de 2015

Como devemos adorar a Deus?

Quando o assunto é adoração por meio de cânticos, as pessoas tendem a ser bastante extremadas nos seus posicionamentos – ou são totalmente liberais ou totalmente conservadores. Por isso, quando o assunto está em debate os nervos ficam à flor da pele. Os dois lados começam a usar de malabarismos nos textos bíblicos e evocam cada qual seu teólogo preferido, para assim embasar seu ponto de vista. No entanto, o que poucos sabem é que Jesus já tratou desse tema enquanto esteve nas regiões de Samaria e conversava com certa mulher samaritana.

“Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.” (João 4.20-23)

É interessante observar que pouco antes Jesus estava falando de outros assuntos com a mulher, mas de repente ela corta o assunto assim que reconhece que Ele é profeta (vs. 19), e decide tirar uma dúvida doutrinária com Ele.

O que acontece é que os samaritanos costumavam adorar a Deus no monte Gerizim, visto que a prática de adorar em montes era adotada desde a época de Moisés. “Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei: depois de haveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus neste monte” (Êxodo 3.12). Já os judeus entendiam que o local de culto era única e exclusivamente o templo. Todavia, a maioria dos samaritanos só aceitavam os escritos que fizessem parte do Pentateuco, por isso não entendiam que o templo era o local correto de adoração naquela época. Dessa forma, existia um debate ferrenho entre os “teólogos” samaritanos e os “teólogos” judeus. Certamente essa dúvida doutrinária permeava a cabeça dessa samaritana há muito tempo, e ela viu em Jesus a oportunidade de sana-la.

Jesus sabia que as duas interpretações estavam erradas, tanto a dos samaritanos quanto a dos Judeus. Ambas eram doutrinas superficiais. Os judeus não viam o templo como uma tipificação de Jesus – pois se assim o fizessem estariam certos em ali adorar – antes idolatravam apenas o lugar; as paredes, as portas, o chão. A mesma coisa acontecia com os samaritanos, que achavam que pelos simples fato de estarem em um monte estavam realmente adorando a Deus.

O Senhor, então, responde que não é o estereótipo da adoração que vai fazer com que seu culto ou seu louvor cheguem aos ouvidos de Deus. A única coisa que Ele quer é ser adorado em espírito e em verdade.  Em espírito porque o adorador deve estar ligado espiritualmente a Deus por meio de Jesus Cristo, e em verdade porque Deus se alegra com um coração verdadeiramente sincero perante Ele.

O que as pessoas não entendem é que a adoração acontece muito mais de dentro para fora do que de fora para dentro. “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.” (Salmos 51.17)

Então, Deus não se importa com nenhum tipo de exterioridade? Tanto faz o local, os instrumentos, ou a melodia usada? – Tenho plena convicção de que para Deus essas exterioridades não importam. Mas, tudo isso deve ser ponderado com responsabilidade, especialmente quando o louvor estiver sendo feito em grupo – pois o povo de Deus deve estar sempre promovendo um culto racional por conta da consciência do próximo, caso contrário diriam que estão loucos (cf. 1 Co 14.23).

No entanto, de uma coisa tenho certeza, não adianta louvarmos a Deus à capela estando com o coração distante dele, bem como não adianta impormos um emocionalismo artificial por meio de instrumentos se a verdadeira emoção promovida pelo Espírito Santo não estiver presente. Deus quer sinceridade independentemente da presença ou da falta de instrumentos, sejam eles quais forem.

Mas, afinal, qual a maneira correta de adorar a Deus? À maneira tradicional ou à maneira liberal? No monte ou no templo? Ora, a resposta já foi dada por Jesus: adore a Deus em espírito e em verdade. Porque é nessa mesma sinceridade que o louvor dos pequeninos é aceito diante dele (cf. Mt 21.16), e é assim que Ele quer ser adorado. 

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Irmão e amigo Thiago, concordo plenamente com o seu comentário e o acho muito prudente. Indubitavelmente, as formas de adoração estipuladas pelo homem não passam de convenções terrenas, mas a essência do verdadeiro louvor se discerne espiritualmente.

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